Hoje, com 42 anos de idade, eu descobri o que é uma goma de passar roupa. Num papo besta com umas amigas que começou em tapioca e acabou em roupa engomada, tive a certeza que realmente não sei de nada quando o assunto é este. Imagine que sempre pensei que engomar roupa era nada mais do que outra maneira de dizer passar. Tem gente que usa aquelas aguinhas cheirosas e estava segura que um ferro e qualquer água com cheirinho já configurasse engomar. Achei simbólico não saber o que significa.
Imagina se uma mulher chegava aos 40 anos sem saber o que é engomar uma roupa nos tempos da minha mãe. Pode ser que tenha descoberto só agora, porque no pouco tempo que eu não saía amassada por aí,(e foi bem pouco mesmo) tinha alguém que fazia o trabalho por mim. Se não sei o que significa o verbo, você já deve supor o óbvio: também nunca provei a ação.
Passar roupa não é algo para o qual tenho talento, muito menos gosto. Embora lembre bem que me pagaram para fazer isto quando me mudei para Londres. Perceba o desespero do povo britânico: para pagar alguém como eu para fazer um trabalho que não tinha idéia do que se tratava. Não durou muito, obviamente.
Há um tempo, eu tinha como premissa só comprar roupas que não amassavam para não precisar fazer a tarefa doméstica que mais detesto e menos conheço. Por esta razão, só entrava tecido sintético na minha casa. Aí fui virando metida a fada madrinha ecológica depois de velha, toda consciente, para a tristeza do poliéster, que foi banido da minha casa. Aqui você não entra, seu calorento, falso e plastificado. Descobri que tecidos de origem nada natural têm a vantagem de não amassar, mas outras desvantagens que não combinavam mais com o que eu buscava nas roupas.
Virei a rainha do 100% algodão. Reviradora de etiquetas,caçadora de tecidos e porcentagens de materiais, toda trabalhada no meio ambiente.
Porém, com o mesmo desgosto pelo ferro de passar de antes. Então me tornei uma velha amassada com muito orgulho.
Uma vez por ano eu bato um papo com o ferro, e geralmente é enquanto estou hospedada na casa da minha mãe. “ Você vai sair assim?”, me pergunta Maria de Fátima. Na maioria das vezes respondo sim, mas alguma vez me rendo para mostrar que não sou só contrariar.
Falei falei, mas ainda não contei a minha descoberta do século: a goma de passar.
O que é, onde vive, o que come?
Se você é um desconcentrando como eu, te conto.
Prepare-se para o choque.
É polvilho com água. Polvilho, gente.
A tal aguinha cheirosa era polvilho.
Sem glúten, com vitamina B, cheio de carboidrato, todo natural o moço.
Até que combina com minha versão pós- 40, defensora do verde. Quem diria, até peguei simpatia pela goma depois da descoberta.
A goma entra, mas o ferro de passar, esse fica.
Eu adorei esse seu texto, e achei uma reflexão bem pertinente: quando, nos tempos até das nossas mães, quiçá das nossas Avós, uma mulher chegaria aos 40 sem saber o que é engomar uma roupa? E apesar de eu saber, pois cresci no interior de Minas Gerais, onde era super comum, tive uma Avó avessa aos afazeres domésticos, então nunca vi como de fato se engoma uma roupa. E ainda bem que a gente não sabe!
Ah...pra deixar bem claro, dou prioridade a malha pra facilitar minha vida, pq quando uso tecido 100% algodão a roupa tem que estar muito bem passada. Lili sabe disso, hehehe...